19/06/2019 às 08h13min - Atualizada em 19/06/2019 às 08h13min

Prefeita trabalha, mas falta traquejo político para reeleição



Artigo de opinião- Dock Junior
 
A prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro (PSDB), deu mostras que pode se livrar de alguns incômodos pesos que ainda a impedem de decolar, até o momento. Em reunião para o balanço do 1º quadrimestre, seu secretariado colocou – de forma simbólica – os cargos à disposição da gestora, para que ela tivesse liberdade de trocar as peças que achasse mais conveniente sem, no entanto, se desgastar com a demissão dos auxiliares.
 
A verdade crua e nua é que Cinthia tem feito um bom governo, com pagamentos antecipados de salários do funcionalismo público, concessão de correções inflacionárias e percentuais referentes à data-base, retomada das obras após o período chuvoso, além de ações sociais e de lazer como nas festas do carnaval, páscoa e no aniversário de 30 anos da capital, que tiveram atrações e cenários cinematográficos.
 
Porém, se essa faceta do governo vai bem, o relacionamento político deixa a desejar. Ela ainda goza de prestígio junto a vários vereadores, entretanto, a linha é tênue. Muitos aliados, pelos cantos, já resmungam e manifestam contrariedade com a gestão, em que pese não explicitarem isso na tribuna. Pelo menos, por enquanto.
 
Já o contato com outros políticos que não os parlamentares municipais, também não anda lá essas coisas e muitos deles já negaram que estejam interessados em compor o governo municipal ou, pelo menos, colaborarem com ele. Nesse rol, pode-se destacar o ex-prefeito Carlos Amastha (PSB) e seus correligionários, o próprio presidente estadual dos tucanos, Ataídes Oliveira, além do ex-governador e presidente do MDB no Tocantins, Marcelo Miranda, do deputado federal Eli Borges (PROS) e do estadual, Valdemar Junior (MDB). São muitos políticos evitando a aproximação de Cinthia. O único que ainda ressalta a parceria explicitamente é o senador emedebista, Eduardo Gomes.
 
Se falta à prefeita articulação política – por ser “marinheira de primeira viagem” –, em que pese mostrar-se uma boa gestora dos recursos públicos, o caminho seria se aliar a políticos com renome e penetração, caso contrário, sua reeleição em 2020 estaria comprometida. Se ela escolheu o ex-vereador, ex-deputado, ex-secretário Carlos Braga para ser esse ponto de coalizão, está na hora de substituí-lo, mesmo porque ele foi o primeiro a colocar o cargo à disposição. O comparecimento à Câmara Municipal de Palmas, para tentar debelar a crise com o parlamento em razão da reedição da Medida Provisória que tratava da data-base dos servidores, foi simplesmente catastrófico e quixotesco. Melhor nem aprofundar…

Sopro de Deus

Ora, se Braga colocou o cargo à disposição, é uma oportunidade ímpar. Praticamente um sopro de Deus sussurando: “Vai lá, Cinthia! Suba no cavalo arreado!”. Não restam dúvidas que há vários nomes para assumir a Secretaria de Governo e Estratégia Política. Mas Cinthia não tem o direito de errar na escolha.
 
Boa gestão de recursos e obras entregues não são suficientes para ganhar eleição. Os próprios pleitos ocorridos em Palmas provam: Nilmar Ruiz fez obras, festas e ações sociais; contudo, faltava-lhe o apelo popular.
 
Resultado: perdeu a eleição. Já Raul Filho deixou a cidade mais esburacada que o solo do planeta Marte, superfaturou a licitação da coleta do lixo, envolveu-se com Carlos Cachoeira, entre tantas outras condutas pouco recomendáveis. Resultado? Foi reeleito, porque tinha base aliada forte, cacife, carisma e exercia o velho e bom eufemismo da política tradicional: era gente boa toda vida, o típico político cara-de-pau, que está sendo xingado e sorri para o eleitorado.
 
O que dizer de Amastha? O legado de problemas, entre os quais o rombo do PreviPalmas e os convênios espúrios com a BRK Ambiental hoje bate às portas dos eleitores palmenses, no entanto, Amastha foi reeleito com expressiva diferença em 2016.
 
Neste caso, ou a prefeita de Palmas entra no jogo político, se adequa ao “tapinha nas costas” e ganha musculatura adotando o populismo descarado, ou nomeia um preposto que faça isso em seu lugar. O perfil ideal desse articulador resume-se ao trânsito livre nos meandros da política tocantinense, comunique-se com facilidade, tenha ascensão sobre lideranças e vereadores e, por fim, poderes para ceder e negociar. Isso arregimentaria possíveis aliados. Não dá é para ficar parada, caso contrário, o projeto eleitoral de 2020 estará comprometido.
   

 Dock Junior é jornalista
 
 
 
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