27/05/2019 às 08h49min - Atualizada em 27/05/2019 às 08h49min
Com arma ou sem arma, somos jornalistas, e isso basta.
Alberto Rocha - Alberto Rocha
Alberto Rocha O jornalista tem o compromisso de dizer o que pensa. Sou jornalista, não tenho medo dizer a minha verdade. Neste artigo, eminentemente opinativo e não uma dissertação de mestrado ou doutorado, digo o que penso.
O decreto federal 9.785/2019 libera porte de armas também para jornalistas. O assunto virou uma parenética. O jornalista deve ou não usar arma? Se para uns a resposta é sim, para outros, o caso é visto como uma espécie de harmatia.
Não conheço o senhor das armas, mas, se somos livres, também somos responsáveis. Num texto-legenda, diria:
nem contra nem a favor. O trabalho do jornalista deve ser sempre protegido por lei e nunca por armas. Essa deve ser a luta, desde o primeiro Sindicato de jornalista fundado em 1934 em Juiz de Fora-MG, até hoje.
Quantos somos e quantos têm vontade de usar uma arma? O novo Decreto coloca o Brasil na frente da Ásia, com relação ao índice de mortes de colegas naquele continente?
Não me acho um
copy-desk do projeto das armas, nem acho a discussão um
feature, mas a profissão jornalista deve estar acima das armas. Porém, a arma só dispara um projétil se o gatilho for acionado. Também, arma não gera risco, desde que o dedo esteja fora do gatilho. Foi o que aprendi numa academia de Polícia.
Com arma ou sem arma, sempre seremos alvo, pois tudo que se move vira alvo. Jornalista se move, busca a informação, denuncia, incomoda. Somos alvos da ira de quem se sente acuado e atacado com o nosso trabalho. Sempre foi assim, desde a antiga Sumérica, Mesopotâmia, China, idades Medieval, Moderna e Contemporânea até às novas mídias. Sempre seremos o alvo e morremos em serviço, nada vai mudar. Com arma ou sem arma, vivendo ou morrendo, somos jornalistas e precisamos ter coragem.
Também, é bom que se diga que a imprensa atende ao capital, o que gera riscos aos jornalistas que se aventuram a pensar ao contrário do sólido sistema elitizado. O jornalista que trabalha no seu próprio veículo de comunicação ainda consegue respirar. Mas, a grande maioria da classe está subjugada a ordens.
Espero que a profissão de jornalista não seja apagada dos livros pelo fato de se usar ou não usar uma arma na cintura ou na bolsa. Espero que o nome de jornalista crave na história ratificado pelo comportamento ético, pelo respeito e solidariedade aos colegas, além do compromisso de desenvolver com responsabilidade essa profissão de alto risco.
Aproveitando a campanha da Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas), que diz: “
Queremos respeito, não armas”, arrisco a ir além: “Nós, jornalistas, queremos a regulamentação da profissão e a criação do conselho federal de jornalistas. Essa é a nossa arma. Só isso.