19/08/2019 às 08h16min - Atualizada em 19/08/2019 às 08h16min
Radiografia mostra quem é quem na disputa pela prefeitura da principal cidade do norte do Tocantins
Wagner Rodrigues
Por Dock Junior – jornalista
O Jornal Opção expõe o quadro pré-eleitoral de Araguaína, uma das principais cidades do Tocantins. Trata-se de um raio X do quadro político.
O prefeito de Araguaína, Ronaldo Dimas, reeleito em 2016, não pode disputar o pleito. O gestor do município tem uma boa avaliação popular, entregou muitas obras e vai deixar um legado de realizações. Naturalmente, ele tem suas preferências para substituí-lo. Consta que até a cadeira do líder político “sabe” que ele planeja bancar seu chefe de gabinete, Wagner Rodrigues. São aliados e amigos. Trabalharam juntos na Fieto.
Logicamente, há uma ciumeira sem fim dos aliados do prefeito, que buscam a todo custo, o seu apoio no pleito eleitoral. O nome de Wagner tem pouca rejeição e os aliados o avaliam como sério. Ele coordenou a campanha de Tiago Dimas à Câmara Federal. O “padrinho” político pode ajudá-lo na montagem de uma estrutura adequada de pré-campanha e de campanha. O que lhe falta é experiência política em termos de disputas eleitorais. Por isso, não será fácil emplacá-lo, especialmente porque a disputa deverá ter nomes experimentados nas urnas.
Entre os nomes consagrados está o do ex-deputado federal Cesar Halum (PRB), secretário da Agricultura do governo do Estado. Ele perdeu a eleição para senador, em 2018, e pretende se recolocar politicamente. Dos 184.235 votos conquistados para o Senado 31.438 foram obtidos em Araguaína — o que mostra força na cidade. Para senador, foi o mais bem votado no município.
Adversários sugerem que Halum não tem grupo político na cidade. Mas, como indicam as disputas eleitorais anteriores, para deputado estadual e federal — eleito —, o secretário tem popularidade. Se for o candidato do Palácio Araguaia, o ex-deputado fica ainda mais forte. Porque agregará valor político. Mas vai precisar convencer os deputados estaduais Olyntho Neto (PSDB) e Valderez Castelo Branco (PP) e o ex-deputado federal Lázaro Botelho (PP) a bancá-lo.
Lázaro Botelho também pode ser candidato a prefeito. Ele não foi reeleito em 2018. Apresentado como diplomático, foi campeão de emendas para o Norte do Tocantins e é apontado como “o queridinho” do Palácio Araguaia. Valderez Castelo Branco é casada com Botelho e, se este for candidato, fica naturalmente fora do páreo. Segundo um deputado, ele é o secretário “pau pra toda obra” do governador. Por isso, tem chance de ser o candidato do governador Mauro Carlesse.
Olyntho Neto, que pertence ao grupo de Carlesse, também é cotado para a disputa. Em 2016, ficou em terceiro lugar na disputa para prefeito. Recentemente, mencionado na questão do escândalo do lixo hospital, o que levou a operação da Polícia Civil, teve desgaste político. Resta saber o peso disso na campanha.
Os deputados estaduais Jorge Frederico e Elenil da Penha, filiados ao MDB, também são fortes candidatos para a disputa. O primeiro se prepara para disputar o cargo há muito tempo e comanda o diretório metropolitano. É um político que pode decidir a eleição, tanto para um lado, como para o outro. Se Frederico for o candidato do governo estadual — o que não está descartado — tem chance, pois possui um grupo forte ao seu lado. Penha mantém boa relação tanto com o governador quanto com o prefeito da cidade. Justamente aí está o problema. Ele tem cargos em ambas as esferas de governo e está, portanto, amarrado. Contudo, não é a primeira e nem a segunda opção do Palácio Araguaia e tampouco de Ronaldo Dimas, que não confia muito no deputado exatamente por circular nos dois lados. Além disso, os bastidores dão conta que Dimas está com ele engasgado na garganta desde a primeira eleição, quando Elenil forçou Fraudneis como vice. Caso Dimas não cedesse, o parlamentar derrubaria a chapa. Dimas engoliu seco, contudo, guarda a vingança no bolso do paletó ou no freezer.
Os vereadores que mais se destacam no parlamento araguainense também pré-lançaram seus nomes. Terciliano Gomes (PDT) é presidente da União dos Vereadores do Estado do Tocantins (Uvet) e, na eleição de 2018, elegeu-se primeiro suplente de senador, na chapa encabeçada por Irajá Abreu (PSD), que obteve mais de 214 mil votos, dos quais 18.942 em Araguaína. É articulado, organizado, faz parte do grupo da senadora Kátia Abreu. Trata-se de um dos nomes da safra de novos políticos em ascensão no Estado do Tocantins e, portanto, um bom e forte candidato. Se não emplacar a cabeça de chapa, pode se tornar uma excelente opção como vice.
Além dele, merece destaque o vereador Marcus Marcelo (PR) que obteve 8.990 votos apenas na cidade de Araguaína, nas eleições de 2018, quando concorreu para deputado estadual. Contudo, ficou como suplente. Essa expressiva votação lhe credencia ao exercício do cargo de prefeito e lhe dá musculatura política. Marcus já foi, por três vezes, presidente da Câmara e ajudou o prefeito Dimas nos momentos mais difíceis. O problema é que é filiado ao PR, comandado pelo clã de Vicentinho Alves, que se tornou adversário político do prefeito. Dimas fará tudo ao seu alcance para impedir a “entrada” de um aliado de Vicentinho na prefeitura. Assim, Marcus só se tornaria o plano B ou C do Paço Municipal se trocasse de partido.
O presidente da Câmara Aldair Costa, o Gipão (PR), figura nas pesquisas entre os políticos mais lembrados da cidade. É experiente e tem bom jogo de cintura, entretanto, não é crível que obtenha votos para uma disputa dessa envergadura. Assim como Terciliano, pode ser uma opção como candidato a vice.
Outro parlamentar, possível candidato, é Wagner Enoque (PSB). Ele poderia ser a aposta do chefe do partido no Tocantins, o ex-prefeito Carlos Amastha, entretanto, incorre no mesmo problema da maioria dos pré-candidatos: falta de musculatura política. O mais provável é que se alie a outro candidato, na condição de vice ou faça o trivial: tente a reeleição.
O desgastado PT certamente vai tentar demarcar território, uma vez que necessita desmitificar sua imagem perante o eleitorado, após as prisões de seus principais comandantes e o impeachment da ex-presidente. O deputado federal Célio Moura e seu aliado Leonildo Dias, um grande articulador, são os dois nomes do partido, mas nem de longe estarão entre os favoritos, em que pese conseguirem tirar votos de outras candidaturas.
Batista Capixaba, sem partido e ex-vereador em Araguaína, também quer se tornar prefeito da “Capital do Norte”, a partir de 2021. Declara-se como a “única oposição viável” e que vai entrar de cabeça na disputa. Batista foi candidato a vice-prefeito na eleição de 2016, compondo a chapa encabeçada pelo deputado estadual Olyntho Neto. É ligado ao grupo do deputado e isso, no momento, é um fator negativo. O ex-vereador é polêmico, brigador e oposição declarada a Dimas. Pesa em seu favor a força do poder econômico, pois é um empresário de sucesso na cidade. Pelo jeito, vai querer repetir o fenômeno Amastha, ocorrido na capital em 2012. Ilusões à parte e sem pré-julgamentos.