A lagosta imoral e indigesta do Supremo Tribunal Federal

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Alberto Rocha

Há coisas difíceis de entender. Por exemplo: se a terra gira, por que não caímos nem ficamos tontos?
 
Outra coisa difícil de entender diz respeito à polêmica sobre a compra do menu finíssimo que o Supremo Tribunal Federal vai contratar. O paladar fino dos senhores ministros e convidados exige medalhões de lagosta, vinhos importados e cozinheiros premiados internacionalmente. Essas são algumas das exigências de suas majestades.
 
Recentemente, o Supremo abriu edital para a compra de refeições a serem servidas para os onze ministros e convidados. A licitação, na modalidade pregão, ia pagar dos cofres públicos mais de 1 milhão de reais para a empresa vencedora oferecer a fina comida. Até aí tudo normal não fossem as exigências para as refeições que vão  ser servidas aos senhores ministros: um menu sofisticadíssimo de dar inveja aos melhores restaurantes  5 estrelas de Dubai, Londres ou Paris.
 
A reação popular foi imediata. Por todo o País vieram críticas de todos os setores da sociedade, especialmente da classe política, do Senado. O próprio Ministério Público Federal questionou a licitação e uma ação popular foi impetrada contra a compra fina do Supremo.  Mas nada disso adiantou.
 
O Supremo Tribunal bateu o pé e vai mesmo contratar uma empresa para servir as refeições que trazem medalhões de lagosta, vinhos importados, moqueca baiana  e capixaba, codorna ao molho, pato, dentre outras finas iguarias.
 
Mas não é qualquer pessoa que vai fazer as refeições.  O Supremo Tribunal exige que a comida dos ilustres ministros e convidados tem de ser feita por profissionais que já ganharam 4 prêmios internacionais. Tudo para não estragar o refinado paladar dos magistrados. O custo disso? Por enquanto só mais de R$ 481 mil. Não se preocupe que o povo vai pagar tudo.