22/07/2019 às 15h35min - Atualizada em 22/07/2019 às 15h35min
Anciã completa 100 anos com disposição e vigor
Vó Preta
Alberto Rocha
Fazer 50 anos todo mundo faz; agora, quero ver fazer 100.
Araguaína conta com mais uma centenária. Trata-se de Camila Maria do Carmo, avó do vereador Soldado Alcivan. “O sentimento da nossa família é de gratidão, não só pelo um século de existência da nossa Mãe Velha, mas também pelo encontro que consolidou ainda mais a união da nossa família”declarou Alcivan.
Camila completou 100 anos de idade neste final de semana, com muita graça, disposição e alegria. A data foi comemorada com familiares do Tocantins, Pará e Goiás, além de amigos e vizinhos.
Camila nasceu em Piripiri, Piauí, e veio para o Tocantins com os pais ainda na adolescência. Não foi fácil a caminhada. Não existiam estradas, nem carros, nem vans, muito menos ônibus. Naquela época, as viagens eram feitas no lombo de burros ou a pé. “Ahh, era tanta dificuldade, uma vida pelejada, que resolvemos ganhar o mundo”, diz a anciã.
Mãe Véia, Vó Camila ou Preta, como é carinhosamente chamada, nasceu em 1919, um ano depois de acabar a Primeira Grande Guerra Mundial. Televisão? rádio? Internet? Celular? Luz elétrica? Gás? Carro? Bicicleta? Wi-fi? O que era isso mesmo?
Em 1919 o Brasil fervia, e a época foi chamada de os “loucos anos 20”, com forte mudança no comportamento da população brasileira. Foi nesse cenário de mudança que nasceu Camila, filha de Anfrizio e Macimiana.
Foi aí que os pais de Preta e outras famílias resolveram deixar o Piauí rumo ao então norte goiano. Ajuntaram comida, arriaram os animais e saíram pelos trieiros em meio ao matagal, pousando embaixo de árvores e beira de córregos. Em três meses de viagem chegaram a Balsas-MA quase sem comida, numa viagem de mais de 800 km. Camila conta que, durante a peregrinação, era normal se perder pelo caminho. “A gente se perdia ali, se achava acolá; e assim a gente ia cortando o mundo”, lembra.
De Balsas partiram para o Deserto (hoje Colinas), onde ficaram por dois meses. Pegaram o trieiro novamente e chegaram no povoado Lontra, hoje Araguaína. E por aqui ficaram. “Era uma vida difícil, mas era boa”, diz a centenária, que tem 5 filhos, 36 netos, 84 bisnetos e 27 tataranetos. (com informações da família).