Para um estudante adolescente participar de uma competição nacional como os Jogos da Juventude (JE), que reúnem os melhores atletas do país, já é uma vitória. E para conquistar uma medalha, sendo uma atleta indígena, que participa pela primeira vez em sua modalidade, representando o Estado e seu povo, os obstáculos são ainda maiores: vencer os próprios limites e melhorar os índices.
É nesse contexto que Mariana Brunsi Xerente, de 17 anos, estreia no JE na modalidade de natação. A aluna do Centro de Ensino Médio Indígena Xerente - Cemix Warã, Aldeia Lajeado Kâ Topkuze, do povo Xerente, de Tocantínia, é também a primeira indígena tocantinense na natação dos Jogos da Juventude.
Sem piscina na sua aldeia, ela aprendeu a nadar ainda criança nas águas dos rios e riachos que atravessam sua aldeia. Mariana foi revelada nos Jogos Estudantis do Tocantins (JETs) e conseguiu o índice no nado livre 100 metros para participar do evento nacional.
Essa é também a primeira vez que Mariana viaja para fora do Estado. Para ela, tudo é novo e desafiador. "Como aprendi a nadar no rio, não tive tempo para me preparar melhor para a competição e adequar com as técnicas do nado antes de vir para São Paulo. É uma experiência ótima, uma oportunidade para conhecer outros lugares e fazer novas amizades", disse timidamente.
Mariana Brunsi Xerente ficou em 4º lugar em sua série, com o tempo de 1,21s. A classificação geral será divulgada no boletim final dos Jogos Escolares. A equipe de natação tocantinense nos Jogos é composta por 12 atletas.
Para o professor e técnico de natação da equipe do Tocantins nos Jogos, Eder Rabelo de Resende, a atleta indígena Mariana tem um talento natural. “Ela tem a vivência de nadar em rios, na aldeia onde vive, mas percebemos que é necessário melhorar a técnica para que ela possa mostrar todo seu potencial, pois o nado na piscina e no rio é diferente”, ressaltou.
A rede estadual do Tocantins conta com 95 escolas indígenas e suas extensões e quase 6 mil estudantes matriculados.