25/10/2019 às 10h17min - Atualizada em 25/10/2019 às 10h17min

Articulista destaca a feminização de carreiras profissionais no país



Artigo de opinião - Larissa Carlos Rosenda
 
A luta de mulheres por conquistas de espaços na sociedade é uma luta que vem progredindo constantemente com o tempo. A dominação de espaços, principalmente no âmbito profissional, que antes eram ocupados em grande massa por homens, passa a ser um território cada vez mais ocupado pelas mulheres, gerando assim o fenômeno da feminização de carreiras profissionais.
 
Os números demonstram claramente a feminização do espaço profissional, segundo relatório “perspectivas sociais e empregos no mundo” em 2018 a taxa global de participação de mulheres no mercado de trabalho chegou a 45,3%, uma taxa ainda menor que a participação dos homens que chega a uma participação de 66,2%, porém, apresenta constância no crescimento quando comparada a antiga taxa de participação de mulheres em carreiras profissionais no ano de 1991, que chegava a tão somente 39,7%.
 
Por exemplo, segundo dados do censo da educação Superior/INEP, a participação de mulheres nos cursos de automotiva e mecânica no ano de 2009 era de apenas 1,2%, contra um total de 7,6% de participação masculina.
 
No ano de 2015 essa realidade mudou, e estreitou a diferença de participação de gênero em curso até então considerado em sua maioria para homens. As mulheres chegaram a um percentual de 7,5 contra 9,7% de participação dos homens.
 
Os dados de aumento da participação feminina no mercado de trabalho e educacional são notáveis, porém o fenômeno da feminização não deve ser analisado tão somente no seu espectro quantitativo, pois no âmbito qualitativo há a preocupante precarização das carreiras profissionais ocupadas pelo gênero feminino.
 
Atualmente mulheres trabalham 7,5 horas a mais que homens, pois a realização de atividade remunerada não desincumbe que estas se responsabilizem por atividades domésticas, gerando assim uma dupla jornada. Ou seja, o que era para ser uma conquista feminina, torna-se um peso carregado por elas pela ausência de definição de papéis entre homens e mulheres no âmbito doméstico, gerando novamente a continuidade dos modelos familiares tradicionais (BRUSCHINI, 2007).
 
A feminização de carreiras também tem grande impacto na realidade do desemprego feminino, se de um lado mulheres conseguem postos de trabalho, esse na maioria das vezes, são temporários e menos instáveis, gerando um contingente de 837 mil desempregadas, contra 671 mil de desempregos ao sexo masculino (GONCALVES, 2011). Goncalves, 2001 cita que “justamente devido à sua condição de mulheres, suas cadeias também são de gênero”, ou seja ainda há reflexos tradicionais de desigualdade entre homens e mulheres no âmbito profissional, marcado pela precarização da mão de obra da mulher, que se dá pela ausência de proteção estatal, e pela necessidade de um salário com a consequente submissão aos encargos e benefícios menores.
 
Com a feminização no âmbito profissional, a mulher vem demonstrando que pode assumir trabalhos nas mesmas condições que homens assumem, o que não pode é submeter-se aos mesmos postos, com diferença salarial e de tratamento. A feminização é importante, porém deve ser aliada com condições dignas de trabalho, redefinição dos trabalhos domésticos, e igualdade de direitos e deveres sem distinção de gênero.

 
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