09/09/2023 às 07h00min - Atualizada em 09/09/2023 às 07h00min

Ex-internos do Lar Batista F. F.Soren se reencontram em visita ao antigo prédio da instituição, em Itacajá


 
Alberto Rocha 
 
Encontrar pedaços da própria história vivida no Lar Batista F.F.Soren, em Itacajá, noroeste do Estado. Este é um dos objetivos  do reencontro que está sendo realizado por parte de ex-internos que moraram na  instituição entre as  décadas de 60, 70, 80 e 90, época  em que era comum acordar  de manhã com choro de crianças abandonadas pelos pais na porta da instituição. 
 
Entre as atividade programadas para os dias 7 a 11 de setembro, estão visita ao antigo prédio do Lar, varrer a avenida das mangueiras, banho e descida de balsa no rio Manoel Alves pequeno, turismo pela cidade, culto na igreja Batista, palestras, lual, brincadeiras de roda, social, entre outras atividades. 
 
Talvez o reencontro ou encontro dos ex-manos, que vieram de vários partes do Brasil,  não ajude a descobrir muita coisa do que ficou para trás, mas pode servir como “agradecimento” para os ex-internos, que têm a chance de testemunhar  que estão vivos, como é o caso de Edilson, que morou no Lar com mais 4 irmãos. 
 
“A gente relembra quase tudo. É a memória em ação que nos faz lembrar o que a gente viveu aqui à beira do rio Manoel Alves Pequeno, das mangueiras, da igreja, do prédio, da cidade e do convívio com os índios Krahô. Não vamos falar de sofrimento, mas de alegria, pois a gente conseguiu sobreviver a todas as dificuldades, graça a Deus. Sairemos daqui mais fortes”, afirmou Edilson Rocha, pastor. 
 
Os tempos eram outros e mais difíceis.  Não existiam as facilidades de hoje. Brincadeiras  só o famoso Social; não havia redes sociais nem celular, apenas uma cabine de telefone que atendia toda a cidade. Não tinha luz elétrica (a luz era de motor a óleo e era desligada todos os dias às 22h). Futebol só se ouvia pelo rádio; apenas 3 a 4 carros existiam na cidade (rural, jeep, fiat 147). Mercearia, a mais famosa era a da dona Terezinha.  Televisão? “o que era isso mesmo? Netflix ou videogame era matar muriçoca a noite toda”?  diz o ex-interno, Carlos. Água?  só da Bica, que ficava cerca de 400 mt do Lar.  “Mas tinha o lado bom:  nunca faltou comida, e todos os dias andávamos a pé 12 km para ir trabalhar na roca, no Maracujá e no Zuador”, diz Carlos Alberto. 
 
Quem também relembra esse tempo é a Maria. “Parte da nossa vida e da nossa história está plantada aqui nesse chão. Por isso, voltar aqui e ver tudo isso na nossa frente não é tarefa fácil, exige coragem, controle emocional e, acima de tudo, muita fé naquele que sempre nos sustentou, que é Deus”, disse a assistente social, Rosa Maria. 
 
E por falar em saudades, os ex-manos afirmam que uma das alegrias do ano era quando chegavam as férias escolares. Muitos deles iam para casa de parentes e voltavam no início das aulas. Mas nem todo mundo tinha essa sorte grande. “Havia crianças aqui que nunca foram procuradas por ninguém, nem mesmo para um abraço”, disse um ex-interno. 
 
Se o reencontro representa encontrar pedaços da própria história dos ex-manos, então a lição que fica é: muitos seguiram na vida, outros, infelizmente,  não tiveram tanta sorte.  “A gente gostaria de saber onde estão outros ex-manos e dizer para eles que Deus sempre cuida de nós”, disse um ex-interno. 
 
Para a ex-interna, Cidinha, uma das organizadoras do reencontro, daqui para frente, o evento deve entrar na agenda anual dos ex-internos. “demos o primeiro passo, agora vamos trabalhar para que este encontro se eternize na nossa vida e a gente possa voltar aqui todo ano para reviver o que a gente viveu um dia”, disse. 
  
Lar Batista  F.F. Soren 
 
O Lar Batista é uma instituição social sem fins lucrativos das Igrejas Batistas da Convenção Batista Brasileira. A entidade sempre prestou atendimento a crianças e adolescentes em situação de risco. O Lar Batista FF Soren teve início em 1930 com os missionários da igreja  batista, Francisco e Beatriz Colares. Na época, o casal, à beira do rio Manoel Alves Pequeno, edificou um templo, uma escola e uma casa. "Abriremos um orfanato para abrigar os órfãos que Deus nos mandar", disse a esposa do missionário. O Lar já dura mais de 80 anos. Só em Itacajá, a instituição funcionou por 68 anos. Em 2010, o Lar Batista F.F. Soren foi transferido para Luzimangues, a 8 km de Palmas. (Fonte: Redes Sociais). 


 
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