Há uma semana, numerosos grupos de bolsonaristas, manifestantes da direita, ocupam as redondezas de quartéis das Polícias Militares e Forças Armadas em diversas cidades do país.
Entoando o hino nacional, vestidos de verde e amarelo e abraçados à bandeira nacional, eles cobram, entre outras coisas, uma resposta do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre supostas denúncias de fraudes nas eleições presidenciais do último domingo (30/10). Outros pedem intervenção militar ou federal.
Muitos estão acampados em barracas de lona e dizem que estão lutando contra a instalação do comunismo no país pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.
Em Araguaína, a segunda maior cidade do Tocantins, os manifestantes estão em frente ao 2º Batalhão de Polícia Militar (2º BPM). Há várias tendas e faixas no local. A cidade não tem quartel do Exército e nem Tiro de Guerra.
Em Brasília, a região do Quartel General, localizada em área nobre da cidade, a cerca de 8 quilômetros da Esplanada dos Ministérios, é o endereço onde estão reunidos cerca de 3.000 manifestantes vindos de todas as partes do país, de acordo com a organização do movimento.
A bancária Naiara Priscila veio de Pitangueira, no interior de São Paulo. Enfrentou 14 horas de estrada, num ônibus, junto com outros 60 conterrâneos. “O que motivou a gente a vir para cá é estar lutando em prol do nosso país.”
Nesta segunda-feira (07/11), caminhoneiros, também vindos de vários cantos do Brasil, se unem aos manifestantes acampados. Os primeiros chegaram a ocupar uma das faixas do Eixo Monumental, via que desemboca na Esplanada. O movimento não tem nome nem liderança definida, mas alguns organizadores, que estão no QG há uma semana, são porta-vozes dos manifestantes. Como explica Juscelino Fernandes: “Aqui é um movimento em prol do Brasil. Nós somos contra o comunismo. Queremos uma eleição justa.”
Ainda segundo os manifestantes, haverá outras paralisações nas estradas. Eles garantem que só vão deixar o QG depois que as Forças Armadas se manifestarem sobre a auditoria nas urnas. O documento deveria ser apresentado nesta segunda. No entanto, o Ministério da Defesa informou, por meio de nota, que o relatório só será enviado ao TSE nesta quarta-feira (9).
Confira a nota na íntegra
“O Ministério da Defesa informa que, no próximo dia 9 de novembro, quarta-feira, será encaminhado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o relatório do trabalho de fiscalização do sistema eletrônico de votação, realizado pela equipe de técnicos militares das Forças Armadas.”
Exército pede ajuda
Em nota oficial encaminhada nesta segunda-feira (7) a vários órgãos da área de Segurança Pública do Governo do Distrito Federal (GDF), o Exército solicitou ajuda para “manter a ordem”, entre os manifestantes que ocupam a área do Quartel General da instituição, no Setor Militar Urbano, em Brasília.
No documento, há ainda a recomendação para que os órgãos de segurança atuem em parceria, a fim de controlar o trânsito de veículos e também impedir o uso de carro de som e atuação de ambulantes no local, assim como o uso de barracas. Atividades que são consideradas ilegais naquele local.