30/06/2023 às 08h02min - Atualizada em 30/06/2023 às 08h02min
Ave prisioneira esquece sofrimento e ainda canta “parabéns pra você”
Alberto Rocha - Jornalista
Alberto Rocha - Jornalista
Eu estava viajando e, ao parar numa localidade à beira da estrada para lanchar, vi na minha frente, num quarto meio escuro, um papagaio encarcerado, cabisbaixo, metido numa gaiola minúscula. E para piorar, o papagaio solitário, como se estivesse cego, gaguejava: “parabéns pra você”.
A ave, depressiva, parecia querer dizer ao seu “dono”: Você me aprisionou aqui, tirou meu direito de voar, de ser livre, roubou meus sonhos, acabou com minha vida... Não devo responder pelas suas crises de raiva ou stress. Devolva-me a liberdade, deixa-me voltar para casa... Tudo bem se você não gosta de mim. Nem todo mundo tem bom gosto...
Maldade, pura maldade com o bicho. O grau de maldade humana me estarreceu. Lembrei de Thomas Hobbes, que disse que “o homem é o lobo do homem”.
A cena apavorante do papagaio enjaulado, triste, depressivo, cego e solitário, me ensinou duas coisas: a) que a maldade humana não tem limites; b) somos matadores de animais; c) e que a partir daquele momento eu não teria mais medo de filmes de terror.
A você, que aprisiona ou maltrata animais, digo: “ parabéns pra você, parabéns!