O Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna foi celebrado nesse domingo, 28. A data possui como principal objetivo, chamar a atenção da sociedade brasileira em relação aos direitos relacionados à gravidez e à saúde das mulheres durante todo esse período. Por definição, a morte materna é o óbito de uma mulher durante a gestação ou até 42 dias após o término da gestação, independentemente da duração ou da localização da gravidez. É causada por qualquer fator relacionado ou agravado pela gravidez ou por medidas tomadas em relação a ela.
O Governo do Tocantins aderiu ao projeto Zero Morte Materna, elaborado pelo Ministério da Saúde (MS), que tem como objetivo promover intervenções exitosas de promoção, prevenção, diagnóstico e tratamento oportuno e adequado para reduzir as morte por hemorragias obstétricas, com cuidados contínuos que vão do lar da comunidade para os serviços de Saúde.
Dados da Secretaria de Estado da Saúde (SES-TO) apontam que, no Tocantins, houve 20 mortes maternas registradas em 2022; e seis em 2023. As principais causas de morte materna são hemorragia grave, hipertensão na gestação, infecções, parto obstruído e outras causas diretas, complicações de abortos e coágulos sanguíneos. A maioria das causas para a mortalidade materna podem ser consideradas evitáveis. Por isso, a principal estratégia da atenção primária para redução da mortalidade materna tem sido o fortalecimento do pré-natal.
"O Governo do Tocantins desenvolve projeto em parceria com o IFF/Fiocruz [Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira], que tem como objetivo qualificar os profissionais da APS [Atenção Primária à Saúde] no cuidado do pré-natal”, explicou a gerente de Áreas Estratégicas para os Cuidados Primários da SES-TO, Amanda Rodrigues Tavares.
Além do projeto em andamento, a SES-TO trabalha projetos como a Construção do Plano de Vinculação das Gestantes ao local do parto (fluxo de acesso às gestantes na rede de atenção à saúde); a Construção da Linha de Cuidado Materno Infantil do Tocantins; o Projeto Fortalece Pré- Natal e reativação e reestruturação do Comitê Estadual de Prevenção do Óbito Materno, Fetal e Infantil (Cepomfi).
Segundo a diretora da Atenção Primária da SES-TO, Thalyta Mayane Fernandes, a SES-TO possui uma parceria com o Instituto Fernando Filgueiras (IFF), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que tem um Projeto de Qualificação da Atenção e Redução da Mortalidade Materna e Neonatal, com objetivo de desenvolver ações de suporte técnico para reestruturação do Cepomfi. “Na sexta-feira, 26, tivemos nossa primeira reunião com a comissão, composta por obstetra, pediatra, enfermeiro obstetra e outros, para construção do plano de reestruturação do Comitê, com apoio da referência técnica da vigilância do óbito materno representando o IFF. Lembrando que o Comitê é uma organização de natureza interinstitucional, que visa identificar os óbitos maternos, fetais e infantis. E, em seguida, deve apontar medidas de prevenção”, destacou.
Andreia Pereira, hoje com 30 anos, é um exemplo de como um acompanhamento certinho no pré-natal e uma intervenção rápida pôde salvar sua vida. “Eu fiz o pré-natal certinho e, a partir do 5° mês, comecei a sentir alguns sintomas como a visão turva, nariz sangrando e inchaço. Em outubro de 2021, quando completei o sexto mês, já precisei internar e tirar meu bebê. A médica me disse que os exames acusaram uma pré-eclâmpsia que evoluiu para uma Síndrome Hellp, que é uma forma mais grave da pré-eclâmpsia. Tive que passar pelo procedimento cirúrgico às pressas, pois estava com risco de convulsão e com as plaquetas muito baixas, correndo o risco de nós duas morrermos. Infelizmente, minha bebê não sobreviveu no pós-parto devido à prematuridade, mas estou viva e tenho fé que vou ter outra gestação e dessa vez com o cuidado redobrado”.