11/05/2022 às 09h00min - Atualizada em 11/05/2022 às 09h00min
Grande parte das famílias inscritas no CadÚnico no Tocantins vive na linha da pobreza
Crédito: G1 Tocantins
A inflação alta e a oscilação da economia têm afetado principalmente as pessoas mais pobres em todo país. No Tocantins, são quase 329 mil pessoas inscritas Cadastro Único (CadÚnico) do governo federal e mais da metade delas vive na linha da pobreza ou até abaixo dela.
O futuro preocupa muito, especialmente quem não sabe nem como vai fazer para pagar as contas amanhã. Na casa da Ana Célia moram quatro pessoas e mais uma está a caminho. Ela conta que não sabe como vai ser daqui para frente.
"Não tá fácil, não. As coisas estão caras no mercado. Vai comprando o que dá com o dinheiro que a gente tem e pagando as contas porque os cobradores vêm cobrar", disse.
O Cadastro Único é a ferramenta utilizada pelo governo federal para identificar as famílias em situação de vulnerabilidade. Segundo os dados, algumas sobrevivem com rendas que podem ser inferiores e R$ 110.
Essa é a chamada situação de pobreza extrema, na qual se encontram praticamente quatro em cada dez tocantineses que fazem parte do cadastro. A inscrição é o primeiro passo para que essas pessoas possam ter acesso a programas assistenciais do poder público.
"São mais de 20 programas sociais que elas podem acessar. O governo federal utiliza essa base, por exemplo, para incluir as famílias no baixa renda da água, da energia, programas habitacionais, carteirinha para o jovem, para o idoso, na isenção de concurso, entre outros", disse a assistente social Régina Mercês Aires, representante da Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (Setas).
A assistente social explica que para realmente ajudar essas famílias é necessária uma ação em cadeia que vai muito além de ações para subsistência. "Uma política pública de assistência social insere eles nos serviços que são ofertados dentro da política de assistência social. A partir daí vai se identificar necessidade para acessar outras políticas como saúde, educação, habitação. Então, tem que ter essa somatória de políticas setoriais para acolher essa família", explica.
O sociólogo Ygor Leite analisa que a pobreza do Brasil é uma questão social que se estende por séculos e se agrava a cada nova crise econômica. "Nos últimos 10 anos, 12 anos, nós estamos passando por um momento de estagnação e recessão econômica. Isso coloca de volta muitas famílias, que por hora saíram das margens da linha da pobreza. Essas famílias retornam para linha da pobreza em um cenário muito crítico." (G1 Tocantins).