09/05/2022 às 07h41min - Atualizada em 09/05/2022 às 07h41min

Área de desmatamento ilegal no Tocantins equivale a 30 mil campos de futebol


Crédito: G1 Tocantins
 
Oito em cada dez donos de terra que desmataram no Tocantins no ano passado não tinham autorização para retirada da vegetação. O total de área desmatada ilegalmente equivale a quase 30 mil campos de futebol. O dados estão em um relatório do Ministério Público do Estado (MPE). Em algumas áreas a devastação foi tão grande que não ficou nenhuma árvore em pé.

O levantamento foi possível com o uso de ferramentas de geotecnologia. Os técnicos compararam alertas de satélites do Mapbiomas com dados de cadastros rurais, que indicam a localização das fazendas e também com sistemas dos órgãos ambientais.

"A gente então faz o cruzamento com várias outras informações de outras instituições. Do Ibama, do órgão ambiental o Naturatins, então a gente vai fazendo um filtro e vamos, digamos assim, limpando essa informação", explicou o biólogo analista do Mapbiomas, Marlon Rodrigues.

Com as informações dos satélites é possível não apenas saber quando e onde houve o desmatamento, mas também identificar o proprietário e fazer um comparativo sobre como eram as áreas fiscalizadas e como estão atualmente.

Uma das comparações mostra que em outubro de 2020 uma área estava toda verde. Ao lado, no ano passado, a área não apresentava mais nenhuma árvore. "É a mesma coisa de uma foto de uma placa de carro de alguém que avança o sinal e tem ali um radar identificando", comentou José Maria da Silva Júnior, procurador de justiça e coordenador do Centro de Apoio Operacional do Meio Ambiente (Caoma).

Em 309 propriedades monitoradas a área desmatada é maior do que 20 hectares. Pelo tamanho da devastação esses locais se tornaram alvo de investigação.

"Nós separamos as principais propriedades por atividades. Aquelas que a gente entende que têm maiores desmatamentos e maior repercussão no meio ambiente e a gente. No final se não houver um acordo com os produtores rurais ou com o produtor rural a gente amplifica a nossa atuação, a gente fiscaliza as propriedades in loco e a gente acaba propondo ações criminais ou ações cíveis que têm uma repercussão muito danosa também para o produtor", explicou o promotor Francisco Brandes Júnior.

Embora o cruzamento virtual de dados e a tecnologia agilize o processo, parte do trabalho precisou ser manual e os pontos de possíveis irregularidades foram verificados um a um.

O plano do MPE agora é reduzir o prazo para elaboração desse estudo. "A ideia é que a gente consiga fazer isso mensalmente ou até semanalmente, esse é o nosso objetivo", disse o presidente do Caoma.

Áreas mais desmatadas

Foram 775 propriedades com pontos de desmatamento identificadas no Tocantins em 2021. Oito em cada dez não tinham autorização para isso.

A pesquisa apontou que o estado registra três grandes focos de desmatamento: a região do bico do papagaio; área de proteção ambiental do cantão; e pontos específicos da região sudeste como São Valério, Natividade e Paranã.

De acordo com o Ministério Público, ao menos um terço das áreas onde há possíveis irregularidades são declaradas como reservas legais, o que torna a situação ainda mais grave.
(G1 Tocantins).

 
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