22/09/2021 às 08h11min - Atualizada em 22/09/2021 às 08h11min
Sistema Penal do Tocantins investe em projetos de ensino para custodiados não alfabetizados
Foto: Divulgação O Sistema Penal do Tocantins tem, atualmente, 272 pessoas analfabetas cumprindo medida de privação de liberdade. A Secretaria de Estado da Cidadania e Justiça (Seciju) defende a educação como um dos pilares essenciais no processo de reinserção social e na efetivação do direito à dignidade da pessoa humana.
Para diminuir esse número, muitas iniciativas têm sido tomadas, a exemplo do chefe de segurança da Unidade Penal de Augustinópolis, o policial penal Edivanio Pereira Silva, que, ao se deparar diariamente com custodiados que não conseguiam nem assinar o nome em um alvará de soltura, mobilizou, juntamente com a diretora da escola da unidade, a criação de um projeto de alfabetização por meio da Monitoria Pessoa Privada de Liberdade, onde o custodiado ensina o outro, gerando a partir disso, o projeto denominado, Sou Letrando.
O policial informou que ficou inquieto com a situação dos custodiados não conseguirem assinar o próprio nome e teve a ideia de incentivar os presos que sabiam ler e escrever para ensinarem os demais, com apoio da Escola Estadual Fazenda Dezesseis, que oferta escolarização na Unidade Penal. “Atualmente, muitos deles já aprenderam a ler e a escrever e estão até estudando. Estamos fazendo tudo o que podemos, pois acredito que a educação é uma ferramenta de inclusão social e pode ser uma alavanca para mudança de vida deles”, afirmou Edivanio Pereira Silva.
L.A.S., de 62 anos, pai de seis filhos, aprendeu de fato a ler e a escrever dentro da Unidade Penal. “Agradeço a Deus por ter instruído o chefe de segurança e o diretor da Unidade Penal que colocou esse projeto de ensinamento para todos os presos daqui que não sabem ler nem escrever. Eu escrevia poucas palavras, mas hoje já leio e escrevo melhor e espero em Deus que esse projeto nunca pare para que eu possa sair daqui transformado”.
“Eu me sinto muito agraciado e feliz por ter aprendido a ler e a escrever e também porque isso significa grandes oportunidades para todos nós. Foi uma grande porta aberta esse trabalho de alfabetização criado dentro da unidade”, explicou o custodiado E.C.S.
Sou Letrando
A diretora da Escola Estadual Fazenda Dezesseis, Tatiane Maria Padilha Targino, fala dos projetos desenvolvidos para alfabetizar os presos. “Atualmente, estamos desenvolvendo o projeto de alfabetização Sou letrando com abertura de duas turmas do primeiro segmento da EJA [Educação de Jovens e Adultos], específico para alfabetização, com o apoio dos monitores que também são detentos, formados pelo curso de Auxiliar Pedagógico, via Pronatec [Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego], do chefe de segurança da Unidade Prisional e demais agentes que colaboram com essa formação e o desafio de alfabetizá-los em 60 dias”.
Monitores
R.P., de 29 anos, é um dos monitores na alfabetização dos internos e falou sobre a iniciativa do projeto. “Fiz o curso de Auxiliar Pedagógico aqui na Unidade Penal e, hoje, sou um dos monitores. Tínhamos 30 presos analfabet.os e, a partir desse trabalho, 80% deles já estão alfabetizados. Eles quiseram uma oportunidade, abraçaram e conseguiram alcançar o objetivo que é saber ler e escrever, o que também foi uma forma encontrada para que possam remir a pena pelo estudo”, destacou.
“Eu estou honrado por ensinar outros internos que não sabiam nem ler nem escrever e, hoje, já sabem. Vejo uma alegria em seus rostos, quando eles reconhecem as palavras, o que para mim é gratificante. Espero que essa iniciativa possa continuar para mais presos e assim possamos devolvê-los à sociedade renovados”, falou L.P.S, de 21 anos, que também é monitor. (Governo do Tocantins).