15/09/2020 às 08h50min - Atualizada em 15/09/2020 às 08h50min
PF investiga fraudes no sistema do Ibama para beneficiar donos de terras na Amazônia Legal
Propriedades beneficiadas por meio de fraude com uso de tokens falsificados de servidores do Ibama — Foto: PF/Divulgação Na manhã desta terça-feira (15), A Polícia Federal deflagrou uma operação que investiga fraudes no sistema do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) a partir do uso de dados de servidores do órgão.
De acordo com a apuração, estelionatários alteravam informações nos sistemas, por meio de certificados digitais (tokens) de funcionários, para beneficiar donos de terras e empresários que possuíam áreas embargadas – principalmente nos estados do Pará e Mato Grosso – em áreas ambientais consideradas "sensíveis" da Amazônia Legal.
Foram cumpridos 48 mandados de busca e apreensão em empresas e residências de beneficiados pelas fraudes, além de cinco mandados de prisão. Os alvos são dos seguintes estados:
Goiás
Minas Gerais
Pará
Mato Grosso
Paraná
Rio Grande do Sul
São Paulo
Tocantins
De acordo com a PF, foram constatados 122 desembargos (desinterdições de propriedade) irregulares em nome 54 pessoas físicas e empresas. A estimativa é de que a fraude tenha causado um prejuízo de R$ 150 milhões para a União, em multas não pagas e descumprimento de embargos em áreas ambientais da Amazônia Legal.
Esquema criminoso
De acordo com as investigações, os crimes foram cometidos por uma quadrilha, com possível "auxílio de servidores públicos". O grupo é suspeito de selecionar funcionários do Ibama para terem os dados violados e os documentos falsificados.
De posse dos documentos, os criminosos se passavam pelos servidores e acessavam o banco de dados do Ibama. Com a invasão, conseguiam realizar o desembargo das propriedades rurais que foram multadas pela fiscalização.Os criminosos teriam ainda emitido certidões negativas, que são requisitos para obtenção de licenças federais e estaduais, além de financiamentos e empréstimos.
Os envolvidos podem responder por crimes contra o meio ambiente, estelionato, uso de documento falso, alteração de sistemas de dados, descumprimento de ordens de embargos, prevaricação (funcionário público que age por interesse próprio no exercício do cargo) e corrupção. As penas podem chegar a 12 anos, além de multa.A operação foi batizada de "Tokens" em referência ao dispositivo de certificado digital violado para fraudar o sistema.(G1 Globo).