01/04/2020 às 08h00min - Atualizada em 01/04/2020 às 08h00min
O futuro não é duvidoso; dias melhores virão
Foto: internet
Alberto Rocha- jornalista
Cidade vazia, ruas envenenadas, já estamos nos acostumando à rotina do vírus da China. Este, sim, nos obriga a fazer coisas que não fazíamos mais: ouvir músicas dos anos 80.
Nem me lembro mais de quando saí pela última vez . Gostaria de ir para a praça dar milho aos pombos; queria faturar um milhão, mas me isolaram. Ninguém sabe o fim da história, mas me avisem quando for a hora; o vírus fez de nós o que diz a música do Ultraje a Rigor: a gente somos inútil.
“Eu sou do povo, eu sou um Zé Ninguém; aqui embaixo as leis são diferentes”. O pobre, preocupado com o emprego, se isola no barraco quente, enquanto os ricos descansam em suas casas luxuosas.
Dias de luta, o Papa é pop, reza missa sozinho. Ah, como eu queria que fosse a última noite de isolamento nessa ilha escura e sonífera.
Estamos no lado escuro da lua, mas somos fortes, quem tem um sonho não cansa; a peste é só uma chuva forte numa noite escura, logo vai passar; aí, vamos viver a vida lá fora.
Camila, Camila, que país é esse? Meu olhar 43 diz que nada ficará de pé. A gente somos inútil. Mas enquanto a peste insiste, tragam-me uma viola e uma coca cola pra quebrar o gelo. “A gente somos inútil”.
Amanhã eu vou dizer: amanheceu peguei a viola botei na sacola e fui viajar